Apresenta-se na pagina seguinte um esquema de interligafao no processo orfamental, incluindo a
elaboragao das demonstragoes financeiras de sintese (balango, demonstragao de resultados e
tesouraria previsionais).
Em termos sequenciais, a elaboragao dos orgamentos pode sintetizar-se em:
a) Orgamento de exploragao - resultante de todos os programas das actividades correntes que se
irao traduzir nos proveitos, custos e nos activos e passives correntes de exploragao. Sera possivel, a
partir destes orgamentos, a elaboragao dos resultados operacionais e da fracgao do balango
correspondente as necessidades em fundo de maneio;
b) Orgamento do investimento - elaborado a partir quer da previsao dos investimentos estrategicos,
quer dos investimentos correntes de exploragao. A partir deste orgamento sera possivel determinar os
custos do exerclcio com amortizagoes e compiementar o balango na parte correspondente aos activos
fixos (imobilizados);
c) Orgamento de tesouraria e financeiro - onde se preveem todas as entradas e saidas de meios
monetarios (recebimentos e pagamentos). Os resultantes das operagoes de exploragao serao
integrados num orgamento de tesouraria. Os investimentos ou desinvestimentos e as operagoes
financeiras, nomeadamente contracgao ou reembolso de emprestimos, juros, aumentos de capital,
dividendos, farao parte do orgamento financeiro.
Or9amento de exploragao
A elaboragao do orgamento de exploragao inicia-se com 0 elemento de restrigao do nivel de activldade
da empresa. Os elementos de restrigao sao, regra geral, 0 programa de vendas ou o programa de
produgao. Se uma empresa tem as suas vendas totalmente asseguradas, isto e, se conseguir vender
toda a sua produgao, entao e esta ultima 0 elemento de restrigao. Logo, 0 processo orgamental deve
iniciar-se pelo programa de produgao.
Programa e orgamento das vendas.
Gontudo, como 0 normal hoje em dia sao as dificuldades em termos de mercado, entao 0 processo
orgamental inicia-se pelo programa de vendas.
Por programa de vendas entende-se a definigao dos seguintes elementos:
- quantidade de vendas, por cada produto/servigo, ou linha de produto (Qv);
- prego unitario de venda a praticar (Pu);
- as condições de credito a conceder aos clientes (D).
Objetivos
|
|
Pianos
de
ação
|
|
Tradução
Financeira
|
Resultados
de
· Quota
de mercado
· Volume
de negodos
· Lucros
·
Qualidade
|
Programas
de
· Meios
·
Politicas
· Ideias
|
Resultados
·
Proveitos
· Custos
|
||
Balanço
·
Activos
·
Passivos
|
||||
Tesouraria |
0 orqiamento das vendas ira traduzirfinanceiramente os elementos constantes no programa de vendas,
nomeadamente:
• Proveitos, resultantes da quantidade vendida, pregos e descontos previstos (V = Qv . Pu . (1 - D);
• Activos, documentos das dividas a receber de clientes em consequencia das condi?6es de credito a
conceder;
• Tesouraria, cobran�as de clientes em fungao das condi96es de recebimentos.
Programa da produ�ao
Tendo em atenfao o programa de vendas e a politica de "stocks" de produtos acabados, e possivel
elaborar o programa de produgao em termos de quantidades a fabricar.
Divida do
cliente = Vendas X (1 + Taxa IVA)
Sendo:
• Qv - Quantidade de vendas;
• Qp - Quantidade de produfao;
• Eipa - Existencias iniciais de produtos acabados;
• Efpa - Existencias finais de produtos acabados;
• r% - Taxa de rejei?ao prevista sobre o valor de produgao;
• Produ9ao = Vendas + Ex. Final - Einic + Rejeigoes
como Rejeigoes = t% X Efpa - Eipa +1% . Qp
donde Qp = Qv + Efpa - Eipa + t% . Qp
Qv + Efpa - Eipa
Qp = -
(1 -1%)
Se a taxa de rejeigao prevista for nula (t% = 0%), entao;
Qp = Qv + Efpa - Eipa
situagao mais usualmente utilizada na programagao e or�amentagao deste elemento.
No caso de estudo anterior, admitindo que nao havia no inicio de Janeiro qualquer "stock" dos produtos
P1 e P2 e que se preve a necessidade de manter um "stock' medio de 15 dias, as quantidades a
produzir seriam as seguintes (rejeipoes iguais a zero).
Programa e orgamento de aprovisionamentos
A decomposi�ao do produto acabado nos seus varies componentes deve ser feita atraves de normas
tecnicas ou coeficientes tecnicos do consumo. E atraves destas normas tecnicas que e possivel:
a) calcular o custo "standard' do produto;
b) programar os consumos previstos de materias de horas/homem, horas/ maquina, materias
subsidiarias a partir da previsao das quantidades a produzir;
c) acompanhar a eficiencia atraves da compara?ao entre aquilo que tecnicamente deveria ser
consumido e o que efectivamente se consumiu. Este coeficiente tecnico de consumo constitui, assim,
urn elemento-chave no processo orgamental e, posteriormente, no controlo e acompanhamento das
realizagoes. Dai que deve ser o mais real possivel e expresso em termos unitarios. Definido o
coeficiente tecnico de consumo, e relativamente facil determinar o montante previsto de materias-
primas a consumir para um certo nivel de produgao. Assim, admita-se que os produtos P1 e P2
consumiam ambos a materia-prima IVI1, sendo os coeficientes de consumo de 3 e 4 unidades por
produto, respectivamente.
Os consumos de M1 seriam:
Janeiro Fevereiro Mar�o
Para produgao de P1 72 57 60
Para produgao de P2 140 112 104
Total de consumo de Ml� 212 169 164
Para as restantes materias, o processo a seguir teria como base a mesma metodologia.
Determinados os consumos de materias e tendo em atengao a politica de "stockage", sera possivel
definir o programa de aprovisionamento (compras).
Admita-se que, nesta empresa, se pretende manter um "s/oc/(" medio equivalente a um mes de
consumo e que, no inicio de Janeiro, havia em armazem 50 unidades de materia-prima Ml. As
quantidades a comprar seriam:
Identificadas as quantidades a comprar, sera possivel elaborar o or?amento das compras, o qual
contempla fundamentalmente os seguintes aspectos:
a) Pre�os de compra e politica de descontos;
b) Prazos medios e locals de entrega (para definir as datas de encomenda);
c) Condigoes de pagamento aos fornecedores.
Se no nosso caso de estudo admitirmos um pre?o medio de compra de 40 por unidade de M1, que o
prazo de entrega e imediato e que o pagamento a fornecedores se processa a 60 dias, entao poder-
se-iam considerar os seguintes elementos para o or?amento.
Tal como se referiu para as contas de clientes, tambem as dfvidas a pagar a fornecedores deveriam
ser Incrementadas do montante do IVA referido no quadro anterior.
Se nao considerarmos outras despesas em que a empresa tambem pode deduzir IVA (e outras receitas
onde tem de o liquidar), a situagao perante o Estado no que concerne ao IVA, relativa ao primeiro
trimestre do ano, seria a seguinte:
Janeiro Fevereiro Margo Abril Maio
IVA liquidado
IVA dedutfvel
Em dMda ao Estado (mes)
A recuperar (do mes)
Pagamentos
1 519 2102
2 118 1 050
1 052
599
1 948 2 088
1 948 2 088 1 948
0 0 1 948
OrQamento dos fornecimentos e services externos
Diz respeito as previsoes das despesas correntes com servigos prestados por terceiros e com as
aquisi?6es de bens de consumo corrente. Muitas destas despesas tem um caracter fixo, na medida em
resultam de contratos firmados com terceiros, v.g. rendas; outras dependem do nivel de actividade (sao
totalmente variaveis), v.g. comissoes na intermedia�ao de vendas, e outras sao semi-fixas (ou semi-
variaveis), porquanto uma parte e fixa, enquanto que outra e variavel, v.g. telefones, electricidade,
agua. Vejamos, de forma simplificada, a forma de orgamentar os elementos mais relevantes desta
rubrica de custos correntes, tendo em aten?ao a sua natureza, a forma de pagamento e o facto de
alguns se repartirem com alguma linearidade por cada um dos meses (agua, electricidade, telefone,
etc.), outros dependerem de contratos celebrados com caracter ocasional ou regular (subcontratos,
honorarios, publicidade, seguros) e ainda outros dependerem de outros elementos orgiamentais
(comissoes a intermediarios, transportes de mercadorias):
|
|
Or�amenta� ao
|
|
Descnpio
|
Tipo de
despesa
|
Custos
|
Pagamentos
|
Agua
|
s�t-fixa
|
mensal.
um valor medio
|
mensalmente
|
Electricidade
|
semi-fixa
|
mensal,
um vator medio
|
mensalmente
|
Combustiveirs
|
variavel
|
oorvsumos
previstos
|
em
fun9So dos consumos
|
Material
««crit6no
|
variavel
|
compras
previstas
|
em hir�o das
datas das compras
|
Tetefone&fax
|
semt-fixo
|
mensal,
um valor medo
|
mensalmente
|
Corr�s
|
variavel
|
mensal.
um valor medio
|
mensalmente
|
SeguTDS
instala�ao e
equipamentos
|
fixos
|
dis�dr o
vak>r do conlrato
pelo n*
de meses seguros
|
nas
datas de vendmento dos
contratos
|
Segums visgem
|
variavel
|
nos
meses previstos
|
nas
datas do seguro
|
Conserva�ao
|
s�ni-fixo
|
mensal.
um valor m�io
|
mensalmente
|
Put�icidade
|
ftxo/variin/el
|
de
actN'do com contratos
|
datas
dos contratos
|
CcKnissoes
|
vari�el
|
em fun�ao das
vendas
|
cobran9a
das vendas
|
Honorarios
|
fbcoA�ariavel
|
de
acordo com contratos
|
datas
dos contratos
|
Oe!toca96e5
|
vaiiav�
|
mensal.
um vaior medb
|
mensalmente
|
Despesas
repr�enta9ao
|
variavel
|
mensal.
um valor medio
|
mensalmenie
|
H>gier>e/1i
mpeza
|
seiDi�ixo
|
mensal,
um valor medio
|
mensalmente
|
Subcontratos
|
variavel
|
em
funcao dos contr�os
|
rxas
datas dos cw�tratos
|
Transportes
|
variaveVfiKD
|
nas
datas previstas
|
nas
datas da despesa
|
Ferramentas
|
variavel
|
mensal.
um valor medio
|
mensalmente
|
Livros/documentos
|
variavel
|
mensal.
um vabr m�io
|
mensalmente
|
Trabalhadores
especializados
|
semi-fixo
|
em
fun9ao dos contr�s
|
nas
datas dos contratos
|
O quadro apresentado pretendeu, duma forma nao exaustiva, evidenciar as multiplas situa96es que
podem ocorrer na or�amentaQao das despesas correntes. Regra geral, numa empresa organizada em
centros de responsabilidade, compete ao responsavel de cada centra identificar os niveis de despesa
que deverao ocorrer no seu centro. Este assunto sera desenvolvido na unidade tematica seguinte:
"Centros de Responsabilidade". Por ultimo, deveremos referir que nao deverao se esquecidos os
aspectos fiscais na or9amentagao destas despesas, nomeadamente:
• Nao devera fazer parte do valor da despesa o IVA, quando este for dedutivel. Este devera ser
considerado como um montante a abater no IVA Liquidado, para efeltos de entrega ao Estado, tal como
foi referido no orgamento das compras;
• Nalgumas despesas (honorarios, rendas de instalagoes) devera tambem ser considerado o IRS/IRC
que venha a ser retido aquando do seu pagamento, sempre que houver condigoes para o fazer. Estes
valores sao facilmente previsiveis no caso das rendas de instalagoes e de contratos de honorarios com
caracter de permanencia.
Orgamento dos custos com o pessoal
Para elaborar o orgamento dos custos de pessoal, torna-se necessario conhecer o piano de recursos
humanos da empresa. Nesse piano serao identificados, pelo menos, os seguintes elementos:
• Numero de efectivos (por centro e na globalidade);
• Niveis remunerativos e seus ajustamentos;
• Acgoes de formagao profissional e seu financiamento;
• Politica de ferias, de faltas, etc.;
• Descontos a que os trabalhadores estao sujeitos;
• Encargos sociais suportados pela empresa;
• Seguros do pessoal (acidentes no trabalho, vida, doenga, etc.) e fundos de pensoes;
• Realizagoes de caracter social (grupo desportivo, cantina, etc.)
Conhecidos os elementos supra, nao oferece quaisquer dificuldades a orgamentagao das varias
rubricas dos custos com o pessoal. Sabendo que, no que respeita as remuneragoes, devemos ter em
atengao os descontos legais por conta do pessoal (seguranga social, IRS, imposto de selo) e os
encargos sociais suportados pela empresa (seguranga social) e que:
a) A seguranga social descontada aos trabalhadores e suportada pela empresa e paga ate ao dia 15
do mes seguinte a que corresponde;
b) O IRS e imposto do selo descontados aos trabalhadores sao pagos ate ao dia 20 do mes seguinte,
ao fim de cada um dos trimestres a que correspondem, com excepgao dos relatives aos meses de
Outubro e Novembro que sao pagos em Dezembro e os de Dezembro que sao pagos em Janeiro;
podemos elaborar o quadro seguinte:
Descri(So da Data de
remunera93o processamento
Forma de or�amenta�ao
Pagamentos
Vencimento-base
Subsidio de ferias
Sii)sidio de Natal
Remimera�oes
acessorias e
premios
ocasionais
Mensalmentd
Mes de gozo de
firias
Novembro ou
De�mbro
Mes a que diz
respeito
Valor iliquido-na data de
processamer�o
Descontos-ficam em
dfvida (baiango)
Vaior iltquido-na data de
processamento
Descontos-ficam em
dMda (balan;o)
Vabr iliquido-r� data de
processamerio
Descontos-ficam em
dvida (baian�o)
Vabr iliquido-na data de
processamento
Descontos-ficam em
dMda (balanco)
No mes-valor Kquido
Fim trimest'e: RS
I Selo
Mes seguirUe: S.Social
No mes-valor Kquido
Fim trimestre; IRS
I. Selo
MSs seguinte: S: Social
No mes-v�lor liquido
Dez/Janeiro: IRS
LSelo
Mis seguinte: S. Social
No mes-v�ior liquido
Fim trimestre: RS
I. Selo
Mes esguinte: S. Social